A leitura e a escrita têm funções sociais. Lemos o mundo, não apenas o que está nos livros.
Através da leitura e da escrita, nos comunicamos, além do espaço e do tempo, isto é, precisamos deixar escrito o que queremos falar, quando não estamos frente a frente com alguém; outra função importante da leitura e da escrita, é utilizá-las como suporte de memória, para registro de conhecimento ou para buscar informações que aprimorem nosso conhecimento; podemos usá-las apenas para organizar o pensamento ou mesmo como fonte de prazer, de lazer. Enfim, “escrever é se posicionar por escrito no mundo” disse com muita propriedade nossa Prof. Márcia Leite, em nossa primeira aula sobre Alfabetização. Assim, como educadoras, precisamos despertar na criança, a vontade e a segurança de se posicionar nesse mundo.
Para um eficiente desenvolvimento psicológico infantil, é preciso destacar a importância da criança ter uma auto imagem positiva, além de trabalhar com ela um convívio construtivo com as diferenças existentes no grupo ou sala de aula (etnia, classe social ou sexo). Do ponto de vista cognitivo, a necessidade de realizar atividades que as faça construir e desenvolver seu pensamento, na medida que agem, observam e relacionam os objetos do mundo físico, trocando informações entre elas e com os adultos que a rodeiam.
Destacamos também a importância de apresentar diferentes formas de representação verbal, pois quando desenvolvidas através de conversas, histórias, desenho, poesia, música, arte, etc, são essenciais para o desenvolvimento linguístico, ampliando a capacidade de representação das crianças e fornecendo-lhes sólida base para seu processo de construção da linguagem escrita.
Falamos no início da nossa reflexão sobre os estímulos que bombardeiam nossos sentidos. Temos a visão estimulada, a audição também; os sentidos olfativos e gustativos estimulados nas gondolas de qualquer supermercado, até sapatinhos têm cheiro de tutifruiti! Talvez o tato seja o menos estimulado, já que cada vez nos tocamos menos, por medo ou pressa.
Transcrevemos abaixo, um pequeno trecho de João Francisco Duarte Junior, que traduz tudo isso:
“O fato é que o exponencial desenvolvimento tecnológico a que estamos assistindo, vem fazendo acompanhar de profundas regressões nos planos social e cultural, com perceptível empobrecimento das formas sensíveis do ser humano se relacionar com a vida”.
Precisamos entender que nós educadores, inseridos nesse mesmo mundo tecnológico, também passamos por esse processo. Assim, nossa atenção deve ser dobrada, pois o objetivo é exatamente incentivar o desenvolvimento dos alunos.
A arte é o melhor instrumento para estimular os sentidos, pois uma de suas funções é justamente nos instigar, remeter-nos a algum sentimento, fazer-nos pensar.
Exercícios de observação constante que trabalhem todos os sentidos, não apenas o olhar, mas escolher alguns momentos de calma para ouvir os sons do ambiente, a natureza, o céu, o sol, a chuva ou uma música de qualidade; uma bela paisagem, imagens bonitas ou uma bela obra de arte; apreciar um bom prato, sentir os odores, o sabor, apreciar! Sentir o toque, o carinho, as texturas, enfim olhar tudo com calma, observando suas cores, o movimento e o sentimento que isso nos traz!
“A gente vê a partir de onde nossos pés pisam”.(LEONARDO BOFF)
Na construção da escrita, todas as áreas do conhecimento deverão ser trabalhadas, (ciências humanas, ciências exatas, etc) portanto a atenção no planejamento é o desafio de todo educador.
Ninguém melhor que Madalena Freire para nortear nossa reflexão.
Segundo ela, o ato de planejar é uma ação organizada, entretanto existem momentos em que a improvisação se faz necessária.
A riqueza do cotidiano numa turma de alfabetização, leva muitas vezes os educadores à outros caminhos; abre-se oportunidades interessantes em outras áreas do saber, fora do que foi pensado para aquele dia.
Para que este ato de improvisação seja produtivo, é preciso ter muito claro nossos objetivos com relação ao planejamento; conhecer o que se planeja, “do conteúdo da matéria ao conteúdo do sujeito”. Só assim obteremos uma ação organizada, onde a improvisação irá contribuir para o enriquecimento do saber.
Como podemos conceber um planejamento diário, se lidamos com a “leitura” significativa de um grupo? Planejamos os conteúdos centrais, não necessariamente todas as atividades.
Na concepção democrática de educação, o ato de planejar não pode ser apenas produzir planos; é muito mais que isso, deve ser um processo ininterrupto e permanente, centrado na reflexão e no pensar da ação cotidiana, onde nossa observação atenta seja a ferramenta básica, portanto a importância de registrarmos toda nossa história, pois encima dela pautamos nossos atos.
Não podemos deixar de falar na avaliação, pois só assim iremos redimensionar nosso trabalho cotidiano.
Esse fundamental exercício da práxis, precisa acompanhar a vida de todo educador, que com muita humildade e profissionalismo, deverá rever sua prática diária, suas dificuldades, seu desempenho e o desempenho de seus alunos, repensar suas atitudes e rever suas técnicas.
Finalizamos nossa reflexão, abordando um pouco o ambiente social e cultural em que a criança está inserida.
Os estudos antropológicos nos orientam a levarmos em conta o contexto de vida mais imediato da criança e as próprias características dos professores e da escola como instituição; ou seja, de forma muito ampla, devemos perceber a enorme diversidade existente entre todos os envolvidos: crianças, famílias, professores, serventes, coordenadores, etc e nortear essas relações por uma visão real e verdadeira de heterogeneidade, repleta de contradições, que caracterizam a sociedade e as escolas em geral.
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