É no ventre materno, que a criança tem o seu primeiro contato com a língua. Comprovado cientificamente, sabemos que mesmo no interior do útero de sua mãe, ela é capaz de ouvir e reconhecer vozes.
Dentro de seu ambiente familiar, a criança constrói sua linguagem sendo capaz de se comunicar e fazer-se entendida.
Em seus primeiros anos na escola, ela terá que aprender a falar e a escrever uma língua diferente da sua e de seus pais: trata-se da língua escolar, reconhecida como correta. Suas expressões, frases, pronúncias e etc, que não correspondem à norma da língua escolarizada, é permanentemente corrigida por um professor, na esperança de que gradativamente essa criança fale a língua exigida pela escola.
Com medo de serem criticadas por falar “errado”, algumas crianças reduzirão seu palavreado e assim, com o vocabulário empobrecido, escreverão o mínimo possível para não se exporem. Desta forma, abandonam sua espontaneidade e suas vivencias.
“A identidade sentida pela criança entre sua linguagem e seu ‘eu’, faz com que toda intervenção, visando corrigir a sua linguagem, corra o risco de ser interpretada como sendo um julgamento de valor sobre sua pessoa.” (R. BERGER)
O problema é mais grave do que se pensa, pois não alcança apenas a capacidade de expressão de uma criança. Sabemos que a língua que ela fala é um elemento fundamental da sua identidade pessoal e cultural. Qualquer tipo de crítica sofrida na escola irá desencorajá-la definitivamente a exprimir-se, comprometendo seu desempenho psicológico e cognitivo.
Para se chegar ao domínio da língua, é importante que criar um espaço onde a criança concretize sua linguagem. Uma prática que estimule o ‘falar’, o ‘ouvir’, para que ela mesma inicie um processo de seleção e avaliação lingüística onde gradualmente adquira domínio da língua padrão, construindo textos e usando corretamente a linguagem.
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